Ao sinal de Otelo

Diana Santos
1 min readApr 24, 2024
Fotografia de Alfredo Cunha, abril de 1974

Atendi à música velada
com o peito em desalinho. Segui a ordem.
O sereno da noite irreversivelmente perturbado
pelos passos do soldado em formatura.
Pulsa-me célere o coração resoluto
contra o tempo retardado nas rugas do meu povo.

É tão cedo para inteirar a dimensão destas pegadas.
Espanta o negrume da noite o canto do tordo
para a manhã avançar clara na marcha dos homens –
e as mulheres florirem cravos na boca das espingardas.

A Revolução é madura e aguarda a mão que a colha.

De manhã acordará um país novo,
gente comum com pressa de realizar o futuro,
de firmar na terra o grão da Liberdade.

De manhã acordará um país moço
sem inteirar a proporção destas passadas.

Poema publicado na Antologia “SÃO CRAVOS ”— 50 ANOS DE ABRIL, 100 POEMAS, da Editora Labirinto, em comemoração dos 50 anos da Revolução Portuguesa do 25 de Abril.

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Diana Santos

Product Strategist and UX Designer. Poet, writer, woman, mother. Seeker and learner, passionate about the strength of intent and the power of action.