Rosas de Setembro
No meu jardim, são rubras as rosas de setembro –
Serenos botões em lume no verde que anoitece
Enquanto os figos tardios estão prenhes de doçura.
De todas as vezes que a minha voz não foi escutada
Um tímido malmequer cresceu por entre as pedras.
Hoje existe na casa uma imensidão de heras
que ocupam os muros
E a glicínia, agarrando-se forte às pérgolas,
Enrola-se nos próprios punhos com engenho vegetal.
As lágrimas secarão como a roupa esquecida no estendal.
Às vezes o vento brando vem beijá-las, outras vezes
o vento sopra do sul em rajadas descompassadas.
Que o vento leve cada momento como derruba as folhas
Quando o outono se queda sobre a terra e as noites
se demoram no silêncio das memórias.
É quando contemplo a vida deste lugar donde estou ferida
que deslumbro a intenção maior de Deus e o vigor
da Criação.